quarta-feira, 2 de maio de 2012

Sobre Avaliação Neuropsicológica



Thiago Rivero
Carina Tellaroli Spedo

Hoje a Neuropsicologia é sem sombra de dúvida uma área da Psicologia que está em franca expansão.  A Neuropsicologia surgiu no final do século XIX, início do século XX, estudando os soldados feridos de guerra, que tinham lesões cerebrais e alterações de comportamento, memória, linguagem, raciocínio - o que possibilitou maior compreensão do papel do cérebro comandando esses processos. Contudo, somente no final do século XX, que ganhou maior reconhecimento. Os anos 90 ficaram conhecidos como a "Década do Cérebro", uma vez que o aprimoramento de técnicas de neuroimagem possibilitou a confirmação das interações entre as funções cognitivas e as áreas cerebrais.

Segundo Andrade & cols. (2004), sua criação deu-se a partir da convergência de várias ciências como, por exemplo: a Psicologia experimental, destacando a importância do estruturalismo (Wundt), funcionalismo (James) e behaviorismo (Watson e Skinner), com a Neurologia focada nas alterações comportamentais e a fisiologia. A Psicologia experimental buscava a compreensão dos comportamentos humanos, das diversas formas de aprendizagem e das estruturas cerebrais responsáveis pelas funções cognitivas. A Neurologia das alterações comportamentais, por sua vez, buscava compreender como as lesões cerebrais se relacionavam com o funcionamento das cognições e dos comportamentos dos sujeitos.
Atribuições do Neuropsicólogo
O Neuropsicólogo hoje é um profissional que atua em diversas instituições, desenvolvendo atividades como diagnóstico, reabilitação, orientação à família e trabalho em equipe multidisciplinar. Os principais locais onde o Neuropsicólogo é requisitado incluem: instituições acadêmicas (pesquisa, docência), hospitais (avaliações pré e pós-cirúrgica), juizados (avaliação e perícias), clínicas (avaliação, reabilitação e pesquisa), consultórios privados e atendimentos domiciliares (reabilitação). Além disso, fornece dados objetivos e formula hipóteses sobre o funcionamento cognitivo, atuando como auxiliar na tomada de decisões de profissionais de outras áreas, fornecendo dados que contribuam para as escolhas de tratamento medicamentoso e cirúrgico. Segundo o CFP existem 3 campos de atuações que são fundamentais na profissão do Neuropsicólogo: 
1. Diagnóstico: Através do uso de instrumentos (testes, baterias, escalas) para avaliação das funções cognitivas, o neuropsicólogo irá pesquisar o desempenho de habilidades como atenção, percepção, linguagem, raciocínio, abstração, memória, aprendizagem, habilidades acadêmicas, processamento da informação, visuoconstrução, afeto, funções motoras e executivas. Esse diagnóstico tem por objetivo poder coletar os dados clínicos para auxiliar na compreensão da extensão das perdas e explorar os pontos intactos que cada patologia provoca no sistema nervoso central de cada paciente. A partir desta avaliação Neuropsicológica é possível estabelecer tipos de intervenção, estratégias e diretrizes para a reabilitação.
2. Tratamento (Reabilitação): Com o diagnóstico em mãos é possível realizar as intervenções necessárias junto aos pacientes, para que possam melhorar compensar, contornar ou adaptar-se às dificuldades.
3. Pesquisa: A pesquisa em Neuropsicologia envolve o estudo de diversas áreas, como o estudo das cognições, das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque da relação entre estes aspectos e o funcionamento cerebral. Para tais pesquisas o uso de testes Neuropsicológicos é um recurso utilizado, para assim ter um parâmetro do desempenho do paciente nas determinadas funções que estão sendo pesquisadas.


Dr. Thiago Rivero: Neuropsicólogo, pós-graduando em Medicina Comportamental pela UNIFESP. Psicólogo Colaborador do Departamento de Psicobiologia/UNIFESP, trabalhando há 2 anos no CPN - REAB (Centro Paulista de Neuropsicologia), serviço de avaliação e reabilitação neuropsicologica. Atualmente está pesquisando avaliação neuropsicologica da atenção em pesquisa com apoio da AFIP.

Ms Carina T. Spedo: Neuropsicóloga em formação, mestre em Ciências Médicas (Neurociências), pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.  Atualmente é aluna de doutorado da Universidade de São Paulo (FMRP USP) e bolsista CAPES. Atua principalmente nas áreas relacionadas à avaliação neuropsicológica de pacientes com doenças neuromusculares. Tem atuação em atividades de adaptação, validação e normatização de testes Neuropsicológicos.

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