O que acontece com a vida, os vínculos e o trabalho de um terapeuta que recebe um diagnóstico e descobre que viverá apenas mais um ano? Como é possível se posicionar diante de algo tão absoluto como a própria morte? E seus pacientes, como serão afetados?
Em "A Cura de Schopenhauer", livro de Irvin D. Yalom publicado em 2005, o autor nos convida a acompanhar os dilemas de Julius Hertzfeld, um psiquiatra recém diagnosticado com câncer em estado terminal que precisará lidar com a própria mortalidade, enquanto conduz atendimentos grupais que decide manter até quando for possível.
A história se desenvolve a partir das sessões grupais de Julius com seus pacientes, explorando com riqueza os vínculos intra-grupo, os dilemas vivenciados por cada um e o impacto da notícia sobre a morte próxima do terapeuta. Além disso, o grupo recebe um novo integrante que rapidamente se mostra distante, não-vinculativo, e propenso a responder quase tudo com frases do filósofo alemão Arthur Schopenhauer.
É nesse ambiente fértil que o livro brilha, ao conduzir com maestria uma história que traz para reflexão assuntos complexos como morte, legado, paixões, compulsões e desejos. Tudo recheado de citações filosóficas que apresentam em profundidade a biografia de Arthur Schopenhauer de maneira intuitiva e crítica.
"Vista da juventude, a vida é um longo futuro, a partir da velhice, parece um curto passado. Quando partimos num navio, as coisas na praia vão diminuindo e ficando mais difíceis de distinguir, o mesmo ocorre com todos os fatos e atividades do nosso passado."
Arthur Schopenhauer
Ronoaldo Machado (CRP 06/147138)
Psicólogo Clínico, pesquisador, host do podcast Café no Divã, e amante da inesgotável interface entre literatura e psicanálise.
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