terça-feira, 17 de maio de 2016

Jogo dos Sentimentos


O Jogo dos Sentimentos visa auxiliar educadores, psicólogos, pedagogos, psicopedagogos e assistentes sociais) nas suas práticas, em relação a sentimentos, com crianças e adolescentes.

É indicado para utilização nas áreas da saúde e da educação, em clínica, escolas e com famílias e tem como objetivos desenvolver auto-conhecimento e auto-controle emocional, compartilhar emoções e aprender a expressar os sentimentos de forma assertiva, levando os participantes a aprenderem sobre as 4 emoções básicas (alegria, medo, tristeza e raiva).

Desenvolve diferentes habilidades cognitivas e psicomotoras como, expressão corporal, fala, pensamento (através de lembrança, raciocínio hipotético) e produção de desenhos, pois por meio da materialização (toque, interação, desenho) a criança conhece, organiza e elabora sua emoção, o que facilita ao participante entrar na proposta (de modo lúdico) não se limitando apenas a verbalizar a respeito, mas a VIVENCIAR.

Composição do Kit: (3ª edição)

01 caixa: contém todas as peças do jogo para armazenamento.
01 tabuleiro: tamanho A3 dobrado ao meio, com um caminho a ser percorrido.
01 CD: contém dois arquivos em formato PDF: o manual do jogo e uma folha de registro semanal dos sentimentos vivenciados.

No manual, tem explicações acerca do funcionamento do jogo, orientações para o educador, atividades extras sugeridas aos psicólogos, sugestões de perguntas e manejo ao longo da utilização do jogo com os participantes, roteiro de relaxamento, referências bibliográficas e informações sobre contato e as autoras.

04 Cartas “O que é? O que é?”
04 Cartas “O que eu estou sentindo?”
04 Cartas Explicativas: “Sentir medo é sempre ruim?”, “Sentir raiva é sempre ruim?”, “Sentir tristeza é sempre ruim?” e “Sentir alegria é sempre bom?”

As cartas contêm explicações diversas sobre cada um dos sentimentos relacionados e são utilizadas durante a trajetória no tabuleiro ajudando na discriminação e expressão de cada sentimento.

Autoras: Thays Araujo e Vera Miranda
Ano: 1ª edição – 2009
Ano: 2ª edição – 2011
Ano: 3ª edição – revisada e ampliada: 2014

Valor = 110,00

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Saiba mais:


Atendimento de Grupo de Crianças que Apresentam Estresse Utilizando como Instrumento o Jogo Dos Sentimentos.

Por Gabriela Fassina - Psicóloga CRP 08|14396

Resumo da Monografia apresentada em 2012 ao Programa do Curso de Especialização em Psicologia Clínica: Terapia Comportamental e Cognitiva, da Faculdade Evangélica do Paraná, como parte dos requisitos para obtenção do título de Especialista em Psicologia Clínica: Terapia Comportamental e Cognitiva, sob a orientação da Professora: MS. Psic. Josiane de Fátima Farias Knaut.

O estresse infantil se assemelha ao do adulto em vários aspectos, podendo gerar sérias consequências, no caso de ser excessivo (Lipp & Romano, 1987). A reação da criança frente a eventos excitantes, irritantes, felizes, amedrontadores, que exigem adaptação por parte dela, inclui mudanças psicológicas, físicas e químicas no seu organismo. Para Lipp, Souza, Romano, Covolan (1991), a criança quando se vê diante de um estressor reage tanto com sensações físicas quanto com psicológicas, sendo que as conseqüências do estresse excessivo ou prolongado podem levar a problemas graves de saúde como os distúrbios psicológicos: depressão, enurese, dificuldades de relacionamento, comportamento agressivo, desobediência inusitada, ansiedade, choro excessivo, gagueira, dificuldades escolares, pesadelos, irritabilidade e insônia e os distúrbios somáticos: asma, dores de barriga, dores de cabeça, doenças dermatológicas, entre outras.

Percebe-se a necessidade de desenvolvimento de estratégias que auxiliem no manejo do estresse infantil e no desenvolvimento de habilidades adequadas e eficientes de enfrentamento das situações estressantes e ou dificuldades, atuando tanto a nível preventivo quanto interventivo no que se refere a aprendizagem de manejo do estresse pela criança.
Segundo Rossi (2006), é necessário que a criança tenha um espaço para ter a liberdade de falar sobre seus sentimentos, o que pensa e o que deseja fazer. Então recursos, instrumentos que dêem condições para que tais comportamentos ocorram podem ser úteis no desenvolvimento de estratégias de coping que propiciem desenvolvimento de repertório e habilidades no enfrentamento do estresse, auxiliando na sua redução.

Assim, o objetivo deste estudo foi verificar se há redução na sintomatologia do estresse infantil, utilizando como instrumento o Jogo de Sentimentos uma vez que pesquisas desta natureza podem contribuir para melhor manejo do estresse com crianças em clínicas implicando em mudanças de comportamento, como o aumento do repertório de habilidades para melhor gerenciamento de situações estressantes que venham a ocorrer na vida adulta.

Objetivos
Verificar em um grupo de crianças que apresentam sintomas de estresse, avaliadas pela escala ESI, se há redução dos sintomas a partir do efeito da aplicação do “Jogo de Sentimentos” (Araujo; Miranda, 2011).
Possibilitar aprendizagem de expressão adequada dos sentimentos (raiva, alegria, tristeza, medo).
Comparar os sintomas de estresse das crianças antes e após intervenção.

Metodologia
Trata-se de pesquisa de delineamento AB com pré e pós teste sem grupo controle.
Participaram da pesquisa 72 crianças de 8 a 11 anos de ambos os sexos, de 4ª e 5ª séries do ensino fundamental. Das 72 crianças apenas 10 delas, sendo 7 do sexo feminino e 3 do sexo masculino, participaram do Jogo dos Sentimentos, por apresentarem sintomas de estresse em fase de Resistência e Quase Exaustão de acordo com a escala ESI. Após três encontros foi incluída mais uma participante (sexo feminino) ao grupo, qual se apresentava em Fase de Alerta na ESI, totalizando 11 crianças.

A pesquisa ocorreu em um Colégio Particular de ensino fundamental e médio da Cidade de Ponta Grossa. As sessões foram realizadas em uma sala de aula nas dependências internas do colégio.
Para as avaliações propostas foram utilizados o instrumento padronizado Escala ESI e os Instrumentos Não Padronizados Jogo dos sentimentos e Entrevista Psicológica – Questionário para responsáveis.

Procedimentos
A pesquisa obedeceu as diretrizes da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisa em seres humanos, que inclui aprovação pelo Comitê de Ética do Conselho Regional de Psicologia e assinatura pelos responsáveis das crianças do Termo de Consentimento Livre Esclarecido.

A pesquisadora aplicou a ESI em um grupo de 72 crianças, do ensino fundamental de 4ª e 5ª séries, em salas de aula cedidas pelo colégio. Aquelas crianças que apresentaram sintomas de estresse de acordo com a escala, estando assim dentro do quesito para participação na pesquisa, tiveram seus pais convidados a participarem de uma entrevista psicológica- questionário aos responsáveis- para obtenção de dados acerca dos comportamentos da criança na vida diária realizado pela pesquisadora. Os pais foram entrevistados de forma dirigida utilizando-se o questionário semi-estruturado, sendo inquiridos individualmente sobre suas respostas, a fim de especificar contingências dos comportamentos de seus filhos.
Após entrevista com os pais, a pesquisadora marcou as sessões com dia e horário estabelecidos duas vezes na semana para início do trabalho em grupo onde utilizou o “Jogo dos Sentimentos”.

Foram programadas 10 sessões sendo 9 destinadas ao trabalho com o “Jogo dos Sentimentos” e uma para reaplicação da escala ESI.
A análise de dados se deu a partir da comparação dos dados obtidos na escala ESI (pré e pós intervenção), de forma intra e inter sujeitos.

Principais Resultados e Considerações Gerais 
Os dados da pesquisa mostraram, que 43% das crianças apresentaram estresse, ou seja, das 72 crianças que foram sujeitas a ESI, 31 delas possuíam sintomatologia de estresse significativa.
Sabe-se que um dos fatores que atua como facilitador do estresse é a sobrecarga de atividades. Em famílias de nível sócio econômico mais favorecido é comum o acréscimo de atividades extracurriculares (inglês, informática, práticas esportivas, etc.), como verificado para a amostra deste estudo. Todas as crianças apresentvaam atividades extra curriculares, sendo que 82% se submetiam as atividades 3x por semana ou mais. Assim, fatores como responsabilidade excessiva podem ter favorecido o nível alto de estresse encontrado nesta população.

Outro dado que chamou a atenção refere-se ao gênero: as meninas apresentaram maior frequência de estresse e foram mais frequentes em todas as fases. De 31 crianças apresentando estresse 21 foram do sexo feminino (68%). Na nossa cultura existe uma maior exigência em relação ao sexo feminino. Desde muito cedo se cobram das meninas bons comportamentos. As tarefas domésticas são divididas, num primeiro momento, com as meninas; são elas que ajudam as suas mães a cuidarem da casa, além de fazerem os seus deveres de escola e brincarem. Dessa forma, acredita-se que as meninas são submetidas precocemente ao estresse.

Nos resultados deste trabalho hipotetiza-se que as possíveis causas dos problemas psicológicos que estariam levando ao estresse podem estar sendo mantidos por dificuldade de expressão dos sentimentos, já que há relatos das crianças nas sessões do Jogo dos Sentimentos, envolvendo raiva, teimosia, medo excessivo, tristeza e insegurança.

Um ponto importante a ser ressaltado é que deficiências em habilidades sociais, tais como a falta de assertividade e a dificuldade de expressão dos sentimentos, têm sido relacionadas ao estresse. A inabilidade social tem sido apontada na literatura como um estressor interno, ou seja, relacionado à forma como os indivíduos pensam e comportam-se (Lipp& Rocha, 1994, citados por Lipp, 1996). Isto pode-se perceber quando a criança falava que não sabia a resposta de alguma pergunta vinda da terapeuta e demonstrava a dificuldade de expressar seus sentimentos. Até mesmo a apatia demonstrada por um sujeito, diferentemente da assertividade demonstrada por outro, quando respondia as questões de prontidão. Cita- se como exemplo, na sétima sessão, quando o sentimento trabalhado foi a tristeza, uma das crianças relatou que “às vezes é melhor deixar quieto o que aconteceu, porque senão pode piorar” (sic). Porém, o contrário também pode ser percebido no grupo trabalhado, onde no decorrer das sessões, as crianças foram aprendendo sobre os sentimentos e através disto aprenderam também a se expressar de forma mais adequada, aumentando assim assertividade, e como consequência diminuindo a sintomatologia do estresse observado nos resultados.

Concluiu-se, portanto que o Jogo dos Sentimentos foi um material facilitador na expressão dos sentimentos, e no desenvolvimento das estratégias de enfrentamento do estresse. Os resultados da pesquisa demonstraram a eficácia do mesmo, uma vez que 8 dos 11 participantes do grupo mostraram a redução dos índices de sintomas de estresse quando comparados pré e pós-testes. Três participantes apresentaram aumento de seus escores. É possível que as frequências de sintomatologia de estresse observadas no pré e pós-testes, se devam a possibilidade de aprendizagem adequada da expressão dos sentimentos, e a construção do auto-conhecimento e auto-controle através da discriminação dos sentimentos. Isto mostrou resultados significativos, o que leva a conclusão de sucesso do presente trabalho, ou seja, que as sessões com o Jogo dos Sentimentos reduziu a presença de sintomas de estresse nos participantes.

Outro fator interessante foi o vinculo terapêutico que foi estabelecido, este fator pode ter contribuído para a redução do estresse, ou seja, o vinculo criado entre a terapeuta e os participantes do grupo permitiu que estes se expusessem mais e assim discriminassem os sentimentos possibilitando maior autoconhecimento e reduzindo a sintomatologia de estresse.
Desta forma, os resultados desta pesquisa, reforçam o quanto é importante a criança conseguir reconhecer, identificar, nomear e expressar seus sentimentos e emoções para saber qual a maneira mais eficaz de lidar com eles.

Referencias
Areias, M.E.Q., & Guimarães, L.A.M. (2004). Gênero e estresse em trabalhadores de uma universidade pública do estado de São Paulo. Psicologia Estudos, 9 (2), 255–62.
Compas, B. & Phares, V. (1991). Stress during childhood and adolescence: source of risk and vulnerability. In: CUMMINGS, E. M.; GREENE, A. L.; KARRAKER, K. Life–Span developmental psychology: perspectives on stress and coping. New Jersey: Lawrence Erlbaum Associates, Publishers.
Interação em Psicologia Jul/Dez 2003.
Lipp, M.N. & Romano, A.S.F.(1987). O stress infantil. Estudos de Psicologia, 4, 42-54.
Lipp, M.N. & Malagris, L.E.N. (1995). Manejo do estresse. Em B. Rangé (Org.), Psicoterapia Comportamental e Cognitiva (pp.279-292). Campinas: Editorial PSY II.
Lipp, M. & Rocha, J. C. (1994). Stress, hipertensão e qualidade de vida. Campinas: Papirus.
Lipp, M.E.N. (2000). Inventário de sintomas do stress para adultos. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Lipp, M.E.N. (2003). O modelo quadrifásico do stress. In M.E.N. Lipp (Org.). Mecanismos neuropsicofisiológicos do stress: teorias e aplicações clínicas (pp.17–22). São Paulo: Casa do Psicólogo.
Lipp, M. N.; Souza, P. A. E.; Romano, F. S. A.; Covolan, M. A. (1991). Como enfrentar o stress infantil. São Paulo: Ed. Icone.
Rossi, A. M. (2006). Dá um tempo: identificar, prevenir e controlar o estresse na adolescência. Porto Alegre: Artes e Ofícios.

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